Costa, Daniella. Como inventar tradições: a poética de Lúcio Costa e a formação do acervo colonial de Paraty (RJ). XIV Seminário de História da Cidade e Urbanismo, 2016
A competência do arquiteto Lucio Costa no campo da arquitetura é fato atestado não apenas por seu legado construído, mas pela forma e intensidade com a qual sua obra é estudada. Sua importância no cenário nacional e internacional, cobrem diversos campos que passam por design de mobiliário, arquitetura, urbanismo e preservação do patrimônio histórico. Porém, este artigo pretende explorar um outro aspecto de sua produção, sua produção textual, ou melhor sua poesia. Navegar sobre os textos de Lucio, seja em suas construções teóricas sobre a arquitetura Brasileira, ou através de seus pareceres técnicos é como encontrar os fios que vão tecendo o mito da arquitetura colonial no Brasil. Este artigo pretende explorar a construção deste mito, especialmente através de dois textos chaves de Lucio Costa onde se começa a desenhar a ideia de patrimônio no Brasil: ‘Documentação Necessária” (1938) e Carta depoimento (1948). Estes textos vão riscar moldes para adaptação da realidade encontrada em nossas cidades com núcleos históricos ao mito existente nos olhos e imaginário de seus inventores. Como pano de fundo para esta análise vamos ler, a poesia materializada do acervo arquitetônico da pequena Paraty, no estado do Rio de Janeiro. Esta leitura local será feita partindo da visão de Lucio da cidade em um pequeno texto intitulado ‘Prospecto arquitetônico’ (1960). Este artigo pretende através da poesia modernista de Lucio, entender como preservamos nossas cidades históricas hoje? Será que nos distanciamos de nossa metodologia inicial de preservação? Estamos preservando um mito? O trabalho é parte da pesquisa de doutorado conduzido pela autora no Programa de Pós-graduação em arquitetura da Universidade Federal Fluminense – PPGAU/UFF sob a orientação do professor José Simões de Belmont Pessôa.