Cooperativismo e gestão de resíduos em Paraty

Legenda: Entrada da cooperativa de Trabalho de Catadoras e Catadores de Materiais Recicláveis de Paraty. Foto: Bárbara Amoras

A Cooperativa de Trabalho de Catadoras e Catadores de Materiais Recicláveis, conhecida popularmente como Guardiões da Natureza, opera a coleta seletiva do município de Paraty, no estado do Rio de Janeiro desde meados de 2013, sob a recomendação do Instituto Estadual do Ambiente (INEA).

A organização dos catadores se deu com o encerramento das atividades no lixão de Paraty, decorrente da implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada pela lei nº 12.305/10. A política inova ao incluir os catadores como agentes fundamentais na gestão dos resíduos, que realizariam a coleta seletiva através de organizações coletivas como cooperativas.

No município de Paraty o antigo lixão, localizado no bairro da Boa Vista, teve suas atividades encerradas em caráter de urgência. Em virtude disso, muitos profissionais migraram para Angra dos Reis no intuito de exercer suas atividades no aterro do Ariró. Desse modo, o encerramento do lixão da Boa Vista é o marco da organização desses catadores enquanto cooperativa.

Nesse contexto, o grande desafio dos catadores para gerir suas atividades no município é o de se organizar de forma coletiva para viabilizar economicamente a cooperativa. A Guardiões da Natureza atua legalmente há cinco anos no município e mantém um convênio com a prefeitura, que financia parte dos custos relativos à realização das coletas nos bairros da cidade.

A cooperativa se mantém com a comercialização dos materiais recicláveis que são vendidos na região de Barra Mansa e Volta redonda no Rio de Janeiro e nas cidades de Ubatuba e Paulínia no Estado de São Paulo. A renda é distribuída entre os catadores e uma contribuição média de meio salário mínimo é financiada pela prefeitura de Paraty.

Os catadores demostram consciência e sensibilidade ambiental em relação ao seu papel e atuação profissional, na maioria das vezes estigmatizada. Segundo a catadora Camila, é frequente as pessoas confundirem a cooperativa com um lixão, mas a seu ver aquele ambiente não se caracteriza como lixão, mas pela atividade da reciclagem – “Aqui não é lixão, é reciclagem” ressaltou. Já o seu companheiro de trabalho Jarlan expôs a falta de preocupação com o meio ambiente de modo geral, relembrando a responsabilidade de todos na questão, já que os resíduos são produzidos pela própria sociedade.

Legenda: Catadoras da cooperativa trabalhando na separação dos materiais Foto: Bárbara Amoras

O projeto Cartografia do Cooperativismo na Costa Verde tem o objetivo de contribuir para a visibilidade da categoria dos catadores e sua causa socioambiental. Com a realização de pesquisa qualitativa e sua divulgação pública, buscamos fomentar a inclusão social dos catadores de materiais recicláveis e sua inserção produtiva nos sistemas de gestão de resíduos dos municípios da Baía da Ilha Grande. A pesquisa, apoiada pelo edital do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Inovação, PIBInova/2018 da UFF, é coordenada pela profa. Maria Raquel Passos Lima e desenvolvida pela bolsista Bárbara da Costa Amoras.

Categorias: Sem categoria

Comentar via Facebook

Deixe uma resposta

GEBIG 2018 | Todos os direitos reservados. | por Roberta Rezende
%d blogueiros gostam disto: