Na última sexta-feira (29/3), Ricardo ‘Papu’ Monge defendeu sua tese “A disputa de territorialidades na Península de Juatinga – Município de Paraty/RJ”, no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFF, sob orientação de Luiz Renato Vallejo. Na banca os professores Edileusa Queiroz (UFRRJ), Paulo Alentejano (UERJ-FFP), Rita Montezuma (UFF) e Licio Monteiro (UFF).
Sua tese traz uma contribuição original sobre a relação entre os conflitos e a gestão ambiental na Península da Juatinga, no extremo sul da Baía da Ilha Grande, uma área que não foi cortada pela rodovia Rio – Santos nos anos 1970, e permaneceu acessível somente pelo mar ou por trilhas. A desconexão viária, no entanto, não impediu o assédio do capital imobiliário e das formas de apropriação ilegal de terra que marcaram a transformação da Baía da Ilha Grande desde a abertura da BR.
Entre a territorialidade caiçara, marcada pela relação com a pesca, a roça e a mata, e a territorialidade do capital imobiliário e turístico, se coloca as territorialidades das unidades de conservação, no caso a APA de Cairuçu, com plano de manejo de 2005, revisto em 2018, e a Reserva Ecológica Estadual da Juatinga (REEJ), em processo de recategorização que se arrasta há quase 20 anos. Ricardo Monge transita entre essas diferentes dimensões do território analisado, conectando e traduzindo conhecimentos produzidos ao longo de sua inserção como técnico do INEA, pesquisador, educador e parceiro dos movimentos sociais. Com detalhada descrição geográfica da península, ‘Papu’ identifica os diferentes atores em disputa, seus interesses e estratégias, apresenta os conflitos territoriais e conclui com uma análise retrospectiva da gestão ambiental no âmbito da APA de Cairuçu e da REEJ.
Em breve poderemos divulgar na Biblioteca a versão definitiva da tese, certamente uma importante referência nos estudos sobre a Baía da Ilha Grande e as relações entre conflitos territoriais e gestão ambiental.
Foto: Vanessa Marcondes.