“Em todo mundo, a pandemia tem refreado os projetos e investimentos turísticos, à espera do “novo normal” no setor. Mas na Baía da Ilha Grande parece estar ocorrendo um movimento contrário: do ministro da Economia à Prefeitura, passando pelo senador Flávio Bolsonaro e pelo ministro do Turismo, está sendo acelerado o objetivo de vender a ideia de transformar Angra dos Reis numa “nova Cancún”. O anúncio da “Cancún brasileira” tem sido repetido pelo presidente Bolsonaro desde que tomou posse, em sucessivos pronunciamentos. Aqui vale a máxima do ministro do Meio Ambiente, que também está empenhado na empreitada: passar a boiada enquanto todos estão de olho no coronavírus – que por sinal chegou a níveis altíssimos em Angra dos Reis, como tem mostrado o monitoramento feito pelo IEAR/UFF.
O consórcio de interesses ainda nebulosos que pretende colocar uma região à venda tem como estratégia gerar uma expectativa excessiva e mentirosa de que a chegada dos “resorts integrados” (leia-se: hotéis + cassinos), a ampliação do aeroporto local e a desregulamentação da proteção ambiental vão trazer a prosperidade para Angra dos Reis. O slogan “Cancún brasileira” parece ser muito atrativo, mas é uma promessa que não pode ser cumprida e que não deveria ser almejada pela população de Angra dos Reis” (…)
Leia mais no texto de Licio Caetano do Rego Monteiro, na sessão Diálogos: “Angra não é (nem deveria querer ser) Cancún: contradições de um território em disputa“.