A cultura alimentar do Quilombo de Santa Rita do Bracuí: mandioca, batata-doce, banana, inhame e fruta-pão

O livro digital “A Cultura Alimentar do Quilombo de Santa Rita do Bracuí: Mandioca, Batata-Doce, Banana, Inhame e Fruta-Pão” significa a concretização do sonho da finada companheira Angélica Pinheiro Souza, jovem liderança quilombola, que desejou e lutou muito para que as receitas de suas ancestrais pudessem novamente ser reunidas e divulgadas. Foi com enorme prazer que assumi a produção editorial da publicação deste livro digital sobre a cultura alimentar do Quilombo de Santa Rita do Bracuí, em Angra dos Reis, pois, significa um importante investimento na memória dos saberes e dos fazeres culturais de um território marcado por lutas históricas e contemporâneas.

Com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro e por meio do edital Cultura Presente nas Redes, foi possível realizar o resgate da pesquisa feita em 1993, pela gestora municipal Anna Cecília Cortines, que registrou, junto com a comunidade local, receitas tradicionais do território quilombola de Santa Rita do Bracuí.

Com o objetivo de dar maior visibilidade às autoras quilombolas, o projeto de lançamento do livro foi além da mera reprodução das receitas à época levantadas. Com a participação da pesquisadora quilombola Luciana Adriano da Silva, conseguimos fazer o registro fotográfico das autoras das receitas trinta anos depois! Assim como, foi possível o resgate de fotografias das autoras já falecidas. Não encontramos informações somente sobre duas autoras de 1993, a Glória e a Lécia. Foram dois dias de imersão no Quilombo de Santa Rita visitando e fotografando cada autora em suas casas, conversando sobre as receitas e planejando o dia de poder executá-las novamente para a degustação de toda a comunidade.

A arte da capa do livro é obra do artista visual Vitor Vanes que buscou, na história e no cotidiano dos negros, referências tais como objetos, ferramentas de culinária, indumentária da cozinha e do Jongo. Nos brincos da cozinheira o ideograma adinkra, que faz parte da escrita dos povos Akan, da África Ocidental, e que representa a riqueza, a abundância e uma colheita farta. As estampas do tecido de chita completam a estética identitária do livro sobre as tradições alimentares do Quilombo de Santa Rita do Bracuí. Para temperar mais e engrossar o caldo, o artista visual olhou para o caldeirão da cozinheira quilombola como um mapa mundi gastronômico, onde se encontram ilustrados os territórios brasileiros e africanos, registrando nele o diálogo entre estas culturas.

Como um marco no diálogo entre passado e presente e na afirmação da história do negro no Brasil, tão marcante na culinária brasileira, este livro abre caminhos para novas descobertas de receitas, para mobilizar a comunidade de modo a fortalecer, cada vez mais, sua autoestima e a promoção do turismo de base comunitária (Martha Myrrha).

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